terça-feira, 28 de julho de 2015

Sobre(VIVER) na terra do Wurst

Há 1 ano eu embarcava em uma nova aventura. Metade de mim queria partir, e a outra metade queria ficar. Confesso que não foi nada fácil colocar a casa numa mala e partir sem saber quando voltar.
Antes da viagem contei com o apoio de muitos, especialmente dos meus pais, mas também tive que ouvir muitas alfinetadas: – Mas tu vais poder trabalhar lá? - Não entendo essa juventude nômade! – Tu vais deixar os teus pais sozinhos? –Tu nem sabes falar alemão, vai ser complicado! – Acho que tu não vais aguentar, não é fácil! - Se formou e vai largar tudo?
Pois é, eu deixei o Brasil com um punhado de medos e de dúvidas, mas com uma certeza: eu não estaria sozinha! E hoje posso afirmar: o amor tudo supera!
Um ano se passou e cá estou eu: sobreVIVENDO, falando alemão e aprendendo mais a cada dia. Muitos desses aprendizados não me darão um diploma, mas talvez, sejam esses, os mais significativos e agregadores da vida.
Aqui eu descobri muita coisa boa, e outras nem tão boas assim.
No fundo (bem no fundo) eu sou européia, entretanto eu amo a minha terrinha e sinto falta dela. Estar longe não significa não estar presente. Os relacionamentos se fortalecem com a distância. Alemão é a língua do demônio, mas paciência. Diarista?! Nem pensar, aqui é self service o tempo todo. Carro? Nunca foi um sonho, o meu veículo é uma bicicleta (bem velha e de segunda mão), e que me acompanha faça chuva, sol ou neve. Casa nova? Moramos numa casa que resistiu às intempéries da Guerra- é velha, porém é linda, charmosa e carregada de histórias.
Aqui eu aprendi a viver com bem menos, a praticar o desapego e a ser bem feliz com isso. Nunca tive o sonho de ter um super carro, uma casa gigantesca, desfilar com roupas de grife, e agora, vivendo aqui, menos ainda. O prazer de comprar morangos frescos na rua é indescritível! E isso já me basta!
Acho que me adaptei rápido. O mais difícil de estar longe é precisar conviver com a distância e dar conta da saudade que chega sem ter hora para ir embora.
Mas preciso afirmar uma coisa- aqui, apesar de ser tudo tão lindo, tão organizado, tão seguro, falta tanta coisa, tanta gente, tanto afeto. Família e amigos são nossos maiores bens, e essa é a pior parte de morar longe.
Mas estar distante do aconchego do ninho, apesar de duro, é edificante. Com a distância aprendemos a conduzir a nossa vida ao nosso modo, aprendemos a nos desacomodar e a lidar com as dificuldades. Passamos a dar mais valor às pequenas coisas da vida, aos momentos únicos junto daqueles que amamos, ao tempo e ao que, dê fato, tem importância nessa vida.
Pronta para mais um ano de aventuras na terra da linguiça!

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